Blast from the Past: Conker’s Bad Fur Day (N64)

em 31/01/2010

Rare e Nintendo. Durante muito tempo essa dupla foi resultado de qualidade absoluta em seus lançamentos. Entre os anos de 1994 (com o ... (por Gustavo Assumpção em 31/01/2010, via Nintendo Blast)

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Rare e Nintendo. Durante muito tempo essa dupla foi resultado de qualidade absoluta em seus lançamentos. Entre os anos de 1994 (com o lançamento de Donkey Kong Country) até 2002 (com o controverso Star Fox Adventures) as duas empresas conviveram como irmãs e deixaram uma quantidade bem grande de sucessos. Um desses games de qualidade elevadíssima foi Conker’s Bad Fur Day, lançado para o Nintendo 64 no início de 2001, que relembraremos hoje nesse Blast from the Past.

Muita gente pensa que Conker apareceu pela primeira vez em Bad Fur Day. Isso é um completo engano. O esquilo já havia parecido anteriormente em dois games: Pocket Tales, lançado para Game Boy Color em 1998 e como personagem selecionável em Diddy Kong Racing, de 1997.

TWELVETALES5_thumbA verdade é que um game de plataforma para o Nintendo 64 protagonizado pelo esquilo era um projeto antigo da Rare. O desenvolvimento dos primeiros protótipos é de 1996, ano de lançamento do console. Engraçado é ver que nesse primeiro momento o game tinha um estilo todo “fofo”, com inimigos bonachões e personagens sorridentes.

Twelve Tales: Conker 64 (como era chamado) apareceu em duas edições da E3 (1998 e 1999) e fazia um grande sucesso. O visual excelente e os controles funcionais tornaram ele um dos games mais esperados do console. Só que algo incomodava a Rare profundamente: era difícil diferenciar Conker 64 de outros games do gênero – faltava estilo e ousadia.

 

  • Quando velhos escrachos entram em cena

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Sumido por quase um ano, muita gente já acreditava que o game do esquilo simpático nunca seria lançado. Eis que na E3 2000, a Rare surpreendeu todo mundo. Em vez daquele personagem coloridinho, fofinho e bonzinho, Conkey havia se transformado em algo escrachado, sacana, violento e totalmente sem noção.

A idéia da equipe de desenvolvimento foi surpreender os jogadores – e consequentemente quem estava acostumado com o padrão da empresa em games como Banjo-Kazooie e Jet Force Gemini. Fato é que esse objetivo foi atingido com um brilhantismo e uma qualidade poucas vezes vista no console.

A trama é divertida: Conker decide beber com os amigos e acaba exagerando na “cachaça”, acordando no dia seguinte em um estado deplorável (daí a expressão Bad Fur Day, equivalente americana a nossa “ressaca”). Na volta pra casa ele se perde e é com esse nível alcóolico que ele vai conhecer os personagens mais estranhos e enfrentar as mais constrangedoras situações.

Na verdade constrangedor é até um atenuante para o que você vai ter acesso aqui. Me lembro bem que quando joguei pela primeira vez aos meus 13 anos, tive que aguentar os olhares de reprovação da minha mãe e a cara de WTF do meu pai. O game tem exatamente esse trunfo: conseguir ser um choque, uma quebra de paradigma e algo ousado e diferente a todo momento.

  • Faça xixi, vomite e seja feliz

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É engraçado pensar que a a base da jogabilidade de BFD é mais ou menos parecida com a base de qualquer game de aventura. Salte com o botão A, ataque com o B, controle a câmera com o C e ative a visão em primeira pessoa com o R. Simples, funcional e daquele tipo que você já viu dezenas de vezes.

É na combinação e no aprendizado de novos movimentos que está todo o desafio. Eles são aprendidos nos Context Zones, locais onde você pode aprender vários moves novos. Alguns são vitalícios, mas outros só podem ser usados em determinada localidade. Atirar facas, fazer xixi nos adversários, vomitar sobre inimigos e atirar com estilingues são algumas das habilidades possíveis.

As localidades pelas quais você vai passar são muito variadas e criativas. Pense em uma estalagem, uma montanha de fezes, um local com discotecagem tecno e até os simples e comuns campos abertos.

Nesses locais o jogador vai ter contato com o ponto alto do game: seus personagens escrachados. Prepara-se para interagir com um espantalho cachaceiro, um zangão que tem tara por girassóis, um rato que solta gases e até mesmo uma legião de criaturas flamejantes que só podem ser derrotadas com altas doses de urina. É bizarro!

São vários objetivos diferentes e muitas missões para serem cumpridas. Detalhe importante é para as claras referências a filmes de sucesso. Dá pra dar muitas risadas com as paródias de Tubarão, Matrix e o Resgate do Soldado Ryan.

  • Impactante aos olhos e ouvidos

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Conker’s Bad Fur Day foi um dos últimos grandes títulos lançados para o Nintendo 64. Isso é bem visível na sua parte técnica. O visual do título é a todo momento muito bem animado, trabalhado e bem construído. Os personagens são ricos em detalhes, gigantescos e expressivos. Cenários são grandes, detalhados e bem caracterizados. É um primor técnico quase incomparável no console.

Quando a parte sonora, dá pra dizer que ele talvez seja o melhor trabalho de dublagem de todo o console. Há uma quantidade imensa de diálogos e eles possuem uma qualidade impressionante para as capacidades do N64. Brilhante também é a trilha sonora variada e cheia de referências. Nota 10!

Conker’s Bad Fur Day é um dos grandes games dessa década. Ousado para a época, divertido, carismático e muito bem pensado, o título dá um baile em muito game “pseudo-engraçado” lançado nos últimos tempos. De certa forma ele marca o fim de uma era, onde os títulos eram pautados pela criatividade e onde Nintendo e Rare formavam uma dupla de peso incomparável. Tempo bom, que deixou saudades e que se foi.

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Estudante de Jornalismo, apreciador de rock britânico, pouco cuidadoso com as palavras, rico de espírito, triste com as relações nesse mundo e esperançoso com o futuro.
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