Análise: Final Fantasy Crystal Chronicles: The Crystal Bearers (Wii)

em 28/01/2010

A série Crystal Chronicles surgiu no GameCube, marcando a volta da série – e da Square Enix – aos consoles Nintendo. Apesar disso, o ... (por Sérgio Estrella em 28/01/2010, via Nintendo Blast)

A série Crystal Chronicles surgiu no GameCube, marcando a volta da série – e da Square Enix – aos consoles Nintendo. Apesar disso, o game fugiu da estrutura tradicional da série de RPG, se focando mais na ação e no modo multiplayer. Então veio a sequência “Ring of Fates” (DS) que resgatou alguns aspectos clássicos como o foco na história e o desenvolvimento dos personagens; “Echoes of Time” (Wii/DS) deu mais um passo a frente, enquanto “My Life as a King” e “My Life as a Darklord” (WiiWare) funcionaram como aventuras alternativas, trazendo mecânicas completamente diferentes. No entanto, o fato é que desde o lançamento do Wii, as esperanças estavam depositadas em “The Crystal Bearers”, que prometia levar a série das crônicas do cristal para um novo patamar. Será que as aventuras de Layle valeram toda essa espera?

  • Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa

FinalFantasy_TheCrystalBearers-thumb-550x301-18843[1] A primeira coisa que você deve saber sobre The Crystal Bearers é que ele não é um RPG, e sim um jogo de ação/aventura com alguns toques de RPG. Não se engane pelo nome “Final Fantasy” que ele carrega. Em comparação à outros jogos da série Crystal Chronicles, ele evolui em alguns pontos, mas retrocede em outros. O enredo, por exemplo, está muito mais maduro e interessante. Você controlará Layle, um Crystal Bearer (portador de cristal) capaz de controlar a gravidade. Os Crystal Bearers são minoria no universo onde o game se passa – 1000 anos após os eventos do primeiro episódio, para GameCube –, e por isso sofrem com o preconceito dos outros. Mas Layle não é um protagonista qualquer, que começa o a aventura tímido, franzino e sonhador: o personagem consegue esbanjar carisma e desenvoltura nas mais diversas situações. A Square soube dosar a auto-confiança do personagem sem torná-lo insuportável, como geralmente acontece com personagens “fodões”. No entanto, sua habilidade de controlar a gravidade é a única que ele possui, do início ao fim.

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A forma como esse poder é utilizado, com o cursor do Wiimote, é muito interessante e funcional (salvo eventuais imprecisões), mas o sistema de batalhas acaba se tornando muito limitado e sem graça. Não há como atacar diretamente os inimigos, você deve arremessar objetos contra eles ou então arremessar eles próprios contra as paredes ou uns contra os outros. Sem falar que as batalhas, com acessos dos poucos chefes, não são obrigatórias: você só batalha se quiser, para conseguir corações que aumentam seu medidor de HP. Equipar acessórios traz mais dinâmica ao jogo, mas na prática as mudanças que eles promovem são muito sutis. Mesmo assim, coletar materiais e objetos para fabricar seus acessórios, torna as coisas mais interessantes.

  • Gráficos no capricho

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Um dos pontos altos de The Crystal Bearers é a qualidade gráfica dos cenários e personagens. Os ambientes apresentados não são apenas bonitos e detalhados: eles são bem pensados. Tanto que você vai se pegar girando a câmera, dando zoom em determinados pontos ou apenas admirando a paisagem. Alguns destaques são o vilarejo produtor de vinho, construído sob parreiras, e o monastério nas montanhas.

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A caracterização dos personagens também impressiona, lembrando muitas vezes os gráficos apresentados em Final Fantasy XII (PS2). Mas a qualidade gráfica não subiu apenas tecnicamente; o design de personagens também evoluiu muito, assim como a simbologia empregada nos cenários. E tudo isso com um tempo de carregamento quase imperceptível. No entanto, para aqueles acostumados com as manias de grandeza da Square Enix, deverão sentir falta das famosas CGs (filmes gerados por computador, sem utilizar a engine do jogo), constantes em qualquer Final Fantasy de grande porte. Por outro lado, há de se reconhecer a qualidade das cenas que, mesmo utilizando gráficos in game, brilham pela forma com que são conduzidas, cheias de cortes e movimentos de câmera cinematográficos. Pena que a câmera não tenha o mesmo brilho quando o jogador está conduzindo o personagem. Na verdade, ela mais atrapalha do que ajuda, tendo que ser ajustada praticamente a toda hora.

  • Enredo tão bom que dura pouco

O enredo gira em torno das 4 raças da série: os Clavats, os Selkies, os Lilties e os Yukes; sendo que os dois últimos participaram de uma guerra que dizimou a raça Yuke, o que destruiu boa parte da magia presente no mundo. Apenas os Crystal Bearers permaneceram com a habilidade de utilizar algum tipo de magia. A história começa com a aparição de uma Yuke, Amidatelion. Capaz de realizar invocações (e de trazer uma uma forte referência às clássicas invocações de Final Fantasy num determinado momento da história), ela busca a revitalização do cristal dos Yukes e por consequência, a ressurreição de sua raça. A coisa começa a complicar quando o ríspido Alto Comandante Jegram se envolve na perseguição por Amidatelion e quando um sério problema abala a família real.

O enredo é conduzido de uma maneira suave, dando liberdade ao jogador para visitar as diversas localidades disponíveis e participar dos mais variados eventos e atividades opcionais, como ir ao estádio disputar um esporte que lembra futebol, cuidar de jardins, ir a caça dos tesouros, ou ler mais uma edição da publicação períodica que dá dicas de exploração e materiais como brindes. Vale citar o sistema de medalhas que premia cada ação bem sucedida, seja parte da história, sidequests, ou minigames. Aliás, os minigames são mais um ponto alto do game, adicionando uma variedade de gameplay necessária. Os minigames, muito divertidos, incluem uma batalha aérea, perseguição de chocobos, se esconder de guardas e muito mais.

image304[1] Só é lamentável que a história dure tão pouco, principalmente para aqueles que não querem se aventurar pelas atividades opcionais. Não deve levar muito mais que 10 horas para chegar ao final. Mas para aqueles que ficarem com o famoso “gostinho de quero mais”, poderão jogar o New Game+, que traz novas cenas, novas variações dos minigames, e ainda mantém todos os seus itens e acessórios conseguidos durante a primeira jogada. E ao que parece, esse recurso foi pensado desde o início do desenvolvimento, pois existem vários detalhes nas cenas apresentadas, que só podem ser entendidos por aqueles que já terminaram o game uma vez.

Apesar do enredo e personagens cativantes, e de se provar um excelente game de aventura, “The Crystal Bearers” pode decepcionar aqueles que esperavam um título mais “Final Fantasy” para Wii, que ainda carece de RPGs clássicos. Mais do que o primeiro “Crystal Chronicles”, este se distancia do esquema original da série, ainda que inclua referências para fã nenhum botar defeito, de Chocobos à Moogles.

FFCC: The Crystal Bearers (Wii) – Nota Final: 8.0

Gráficos: 9.5 | Som: 7.5 | Jogabilidade: 7.5 | Diversão: 8.5

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Autor do Blog "iceBreaker" , "Nintendo Blast" e "Hellness". Moro em Curitiba-PR, e curso Design Gráfico na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
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