Análise: The Legend of Zelda: Spirit Tracks (DS)

em 26/12/2009

  O anúncio de The Legend of Zelda Spirit Tracks talvez tenha sido o mais surpreendente da E3 2009 (rivalizando com a versão Wii de... (por Gustavo Assumpção em 26/12/2009, via Nintendo Blast)

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O anúncio de The Legend of Zelda Spirit Tracks talvez tenha sido o mais surpreendente da E3 2009 (rivalizando com a versão Wii de New Super Mario Bros.). Surpreendente não só por ser um novo Zelda para o DS apenas dois anos após Phantom Hourglass. mas principalmente pelo novo elemento inserido na jogabilidade e até então impensado: trens. 

the-legend-of-zelda-spirit-tracks-20091105050742956_640w"O que trens tem a ver com a série Zelda?" foi a pergunta que muitos fizeram. Alguns acharam de cara a idéia deslocada, rendendo discussões acaloradas em fóruns pela internet. Fato é que pouquíssimas vezes vimos uma mudança tão drástica apontada pelos seus criadores em uma série consagrada. E era a segunda vez que isso acontecia, já que em Wind Waker a mecânica girava em torno do uso de barcos. Miyamoto chegou a dizer que a a mudança teria acontecido porque “jovens gostam de trens” (vai lá entender o que se passa pela cabeça de Mestre Miya).

Pois bem, o game foi anunciado, novidades vieram aos montes, o lançamento aconteceu no início de dezembro e aqui estou após completar toda a jornada principal. Acho que de cara já posso afirmar sem medo algum: esse é o melhor Zelda portátil já criado.

  • É o mesmo... só que diferente

SpiritTracksTrainBasta ligar o DS, ver a apresentação e jogar os primeiros minutos para perceber que algumas alterações foram feitas na estrutura que estamos acostumados a ver em um Zelda tradicional. A série sempre primou pela jogabilidade em detrimento da história, com enredos chavões e sem muita novidade. Seguindo na direção contrária, aqui a Nintendo tomou um cuidado muito maior com o enredo. São várias pequenas alterações, como a quantidade de diálogos e a narrativa muito mais profunda e detalhada, sem contar as várias cut-scenes conforme o jogador avança, responsáveis por contar uma história rica, surpreendente e cativante.

Essa preocupação com a história resultou em um ganho de importância bem grande para a princesa Zelda, que até então era subaproveitada na série. Em Spirit Tracks ela atua do início ao fim como uma parceira das peripécias de Link, sempre dando conselhos e sugestões - além claro de ajudar entrar na aventura e ajudar nosso herói nos puzzles.

O enredo conta a história das tais Spirit Tracks, enormes correntes que foram usadas no passado para aprisionar um Demon King que ameaçava o reino de Hyrule. Elas permaneceram intocadas por mil anos, tanto que eram usadas como trilhos para os habitantes do local viajarem com seus trens. Só que é lógico que há uma trama orquestrada pelos vilões da trama para libertar novamente o Demon King.

Interessante é ver que logo nos primeiros momentos de jogo, a princesa Zelda perde o seu corpo (um eufemismo para afirmar que ela morre haha) e seu espírito passa a ajudar Link em sua jornada. Essa acaba se tornando a grande sacada da jogabilidade: a capacidade da princesa “possuir” inimigos e ajudar na resolução dos puzzles. Além de dinamismo, esse esquema torna os objetivos variados e cheio de esquemas inovadores – fora a inserção de novos itens.

O controle da princesa é feita de forma semelhante ao modo multiplayer de Phantom Hourglass ou ao controle do bumerangue: o jogador desenha a trajetória que ela vai seguir na tela de toque. O sistema é funcional e tem um quê de estratégia muito bem vindo.

O novo elemento de jogabilidade – o trem – funciona como o principal meio de locomoção entre as dungeons e cidades. Seu controle é feito por meio de cursores posicionados na tela de toque. Através deles é possível andar rápido ou devagar, frear ou ativar a marcha ré. Na tela superior um mapa indica a presença de outros trens pelo caminho. Se por acaso seu trem se chocar com outro, o jogador é obrigado a recomeçar o caminho. Mas não são só outros trens que serão empecilhos. Alguns inimigos como pássaros e porcos no caminho serão dificuldades a mais no seu destino. Eles podem ser facilmente espantados pelo apito do trem que é ativado quando o jogador “puxa” o ícone em forma de corda na tela de toque – simples e ao mesmo tempo bastante inovadores.

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  • Variedade de ações

Uma preocupação da Nintendo foi usar todos os recursos possíveis do DS . Dessa vez o microfone, por exemplo, possui uma importância muito maior na jogabilidade. Alguns acham cansativo ter que ficar realizando ações de movimentação e assopro simultaneamente, mas não há motivo para preocupação – já que o uso aqui é bem natural. Os novos itens criados especialmente para Spirit Tracks adicionam movimentos e funções inéditas na série, aprimorando a experiência proporcionada e criando novas possibilidades.

Em Phantom Hourglass, muitos reclamaram da falta de precisão nos controles em alguns momentos, o que eu não senti aqui em Spirit Tracks. O esquema original já era ótimo e aqui ele se tornou ainda mais variado graças aos novos itens e a uma variedade maior de utilizações. É como uma ampliação do original, já que o mesmo já utilizava um esquema bastante simples de controle e combate.

  • Uma fábula linda aos olhos e ouvidos

Visualmente, Spirit Tracks está entre os mais belos games do DS. Além de uma construção poligonal próxima da perfeição, há uma variedade impressionante de localidades e ambientes. Mas o destaque fica mesmo para as animações e a vivacidade dos personagens e inimigos. Além de várias expressões faciais, os personagens possuem características ricas em roupas e na maneira como se portam. A Nintendo empregou vários efeitos que poucas vezes foram vistos no portátil, principalmente nas cutscentes usadas para ilustrar os momentos chaves do enredo.

A trilha sonora é mais uma vez impressionante. Apesar de seguir o padrão Zelda, é possível perceber acordes diferenciados para as mesmas melodias. A música tema de Zelda, por exemplo, ganhou ares de sons característicos de trens na abertura. A música do castelo em Hyrule e o tema dos chefes também parecem conhecidos aos ouvidos dos fãs.

  • Uma pequena obra prima

Spirit Tracks é um game sem defeito algum. Pelo menos ao longo de suas várias horas de jogo eu não percebi nenhum defeito mais grave. Acho que o único parêntese que talvez deva ser feito é que mais uma vez a jornada é bem curta e fácil – principalmente para quem terminou Phantom Hourglass. Mas a jornada é simplesmente encantadora e transborda o carisma e a diversão dos melhores games Zelda. Jogue o quanto antes!

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The Legend of Zelda: Spirit Tracks – NDS – Nota Final: 9,2

Gráficos 9,5 Som: 9,0 Jogabilidade: 9,0 Diversão: 9,0


Estudante de Jornalismo, apreciador de rock britânico, pouco cuidadoso com as palavras, rico de espírito, triste com as relações nesse mundo e esperançoso com o futuro.
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