Na última parte da Nintendo Chronicle, nós paramos em um ponto crucial da história da Nintendo: o fracasso em fazer do Nintendo 64 um console atraente e competitivo com relação ao Playstation. O curioso é apontar que nesse interim, seria injusto dizer que a Nintendo fracassou. Esse tipo de afirmação além de imatura, seria simplista demais. A tal complexidade desse momento que a Nintendo viveu vem de um dualismo importante, resultado do fracasso nos consoles de mesa, mas um sucesso impressionante nos portáteis.
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Color!
O sucesso do GameBoy foi uma viga de concreto que sustentou a Nintendo nos momentos mais difíceis. Se os resultados do Nintendo 64 eram abaixo do que se esperava, lá estava o portátil conquistado uma legião imensa de jogadores. O sucesso do primeiro Game Boy foi tão estrondoso, que o lançamento de uma versão com capacidade técnica revigorada era praticamente essencial.
Assim, o mais correto é pensar o conceito da criação GameBoy Color como resultado de uma evolução natural das possibilidades técnicas Outro fator que empurrou a criação do pórtátil era uma pressão imensa dos desenvolvedores, que sentiam no GameBoy antigo um limitador muito grande da criatividade.
Assim, a Nintendo inicia o desenvolvimento e lança no dia 21 de outubro de 1998 no Japão, 19 de novembro de 1998 na América do Norte e 23 de novembro de 1998 Europa o primeiro portátil colorido de sua história. Adotando a retrocompatibilidade (ou seja, cartuchos do GameBoy original funcionavam no Color) o GBC já chegou as lojas com uma biblioteca de milhares de títulos – o que por si só já se tornava elemento importante para a estratégia de domínio desse mercado.
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Muito além das cores
Engana-se quem pensa que o GameBoy Color apenas ganhou uma palheta de cores. Boa parte do seu hardware teve que ser modificado para conseguir suportar o visual mais robusto. O console possui uma velocidade de clock de aproximadamente 8 MHz - duas vezes mais rápido que o da original, além de ter quatro vezes mais memória (RAM 32 kilobytes, 16 kilobytes de RAM de vídeo). A resolução da tela permaneceu a mesma do Game Boy original, que é 160x144 pixels.
Outras alterações técnicas importantes foram a adição de uma porta de comunicação infravermelha e alterações no peso e tamanho. Mais leve, o GBC chegava a consumir menos bateria que o original – o que era algo surpreendente.
Outro ponto que contribui para o sucesso do GBC foi a existência de cartuchos que não funcionavam nos demais modelos. Com isso, para que o jogador desfrutasse de games mais recentes, era obrigatoriamente necessário ter o novo portátil.
Uma curiosidade é que o logotipo COLOR era resultado das cinco cores que o portátil era fabricado em seu lançamento: Strawberry, Uva, Kiwi, Dandelion e Teal. Além dessas ainda existia o Atomic Purple, que mostrava detalhes internas do portátil e a Cherry, em um tom avermelhado.
Como é de costume, ainda foram lançadas versões especiais do portátil em alguns lugares ou em bundles com alguns games. Infelizmente muito deles sequer chegaram ao ocidente. Algumas das versões especiais são verdadeiras raridades e chegam a custar centenas de dólares em sites de compras. Alguns especiais:
- Translúcido ouro/ prata comemorativo do lançamento de Pokémon Gold & Silver
- Edição Pichu/ Pikachu
- Pokémon Edition: Edição especial com frente amarela, fundo azul, um botão vermelho e outro verde além de imagens do Pikachu, Togepi, e Jigglypuff ao redor da tela
- Pokémon Center Edition: Amarelo ou vermelho com um botão laranja, um botão verde, e uma seta de luz azul decorada com vários Pokémon (Pokémon Center Edition) (Somente no Japão)
- Hello Kitty Edition: Rosa pastel com a cabeça de uma Hello Kitty na parte central(Somente no Japão)
- Tommy Hilfinger Edition: Amarelo com o logo da Tommy Hilfiger acima do Start / Select
- Clear (Somente no Japão)
- Clear Black (Somente no Japão)
- Verde claro (Somente no Japão)
- Midnight Blue (Somente no Japão)
- Ice blue (Somente no Japão)
- Laranja Clear (Somente no Japão, produzido para a empresa de bebidas turca Yedigün)
- Azul claro (Somente no Japão)
- Australian Edition: Verde e Amarelo
O portátil ainda teve acessórios que ampliaram a experiência de jogo. Além do Rumble e do sensor de movimentos (usado em Kirby Tilt´n Tumble) ainda tivemos o Tranfer´s Pak (que fazia a comunicação com o Nintendo 64), a GameBoy Camera e a Game Boy Printer e o famigerado Cabo Game Link – responsável por horas e horas de jogatina com os amigos.
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Uma linha de games absurdamente grande… e inesquecível
Logo no lançamento, o GameBoy Color já contava com toda a biblioteca anterior do GameBoy. Logo próximo ao lançamento tivemos versões melhoradas de games já existentes como Zelda: Link´s Awakening DX e Super Mario Bros. DX – ambos ganhavam cores e faziam uso das possibilidades da palheta do console. Na sequência, muitos games de qualidade irrefutável. Tivemos as versões de Pokémon mais bem recebidas e vendidas de todos os tempos, quatro games da série Dragon Quest, três da série Zelda e muitos games do bigodudo.
O portátil ganhou versões de praticamente todas as principais séries existentes, incluindo alguns dos games mais expressivos da história dessas franquias como Metal Gear Solid (que no Japão possui o subtítulo Ghost Babel) e Bionic Commando. Abaixo, segue uma listinha dos games imperdíveis do console. Garanto que você lembra com saudade de boa parte deles….
- Alice in Wonderland
- Bionic Commando Elite Force
- Crystalis
- Dragon Warrior I & II
- Dragon Warrior III
- Dragon Warrior Monsters
- Dragon Warrio Monsters II
- Donkey Kong Country
- Kirby Tilt´n Tumble
- Mario Tennis
- Mario Golf GB
- Metal Gear Solid
- Magical Tetris Challenge
- Pokémon Gold
- Pokémon Silver
- Pokémon Crystal
- Pokémon Puzzle Challenge
- Pokémon Trading Card
- Rayman
- Super Mario Bros. DX
- Street Fighter Alpha
- Shantae
- Spiderman
- The Legend of Zelda Oracle of Ages
- The Legend of Zelda: Oracle of Seasons
- The Legend of Zelda: Link´s Awakening DX
- Tomb Raider
- Wario Land 3
- Warlocked
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Um sucesso arrebatador
Ao todo , o GameBoy Color foi responsável por quase metade das 120 milhões de unidades do GameBoy vendidas em sua história. É um console que faz parte da memória gamer de muita gente e que sustentou a Nintendo financeiramente em um momento delicado. Com esse sucesso consolidado – e uma nova saturação técnica – a Nintendo já começava a pensar em um sucessor para o GBC.
Assim, depois de rumores e muita conversa fiada, no fim do ano 2000 a Big N mostra pela primeira vez a versão Advance do Game Boy. Mas isso é conversa pra décima parte da Nintendo Chronicle. Até lá!