Quem nunca ouviu falar em Harvest Moon? A clássica franquia, que conta a história de um garotinho que assume a fazenda de seu avó depois dele ter falecido, teve as suas origens no SNES, em 1997. Dois anos depois, chegava Harvest Moon 64, cujo diferencial em gráficos e jogabilidade consagrou o jogo como um grande sucesso de crítica na época.
Essa foi a primeira vez que Harvest Moon apareceu numa plataforma 3D. É exatamente com 200 moedas, o nosso cão de confiança, e o otimismo da juventude que começamos o jogo. Dali pra frente, nós temos apenas alguns anos, divididos em estações, para viver a melhor vida possível. O jogo opera num ritmo bem acelerado – um dia dura pouquíssimo tempo, ao passo que cada estação dura somente 30 dias. Você começa arando a terra e cuidando de uma modesta plantação de batatas, rabanetes e repolhos, mas há mais tarefas além disso. É preciso adquirir vacas, ovelhas e galinhas, assim você conseguirá se manter durante o rigoroso inverno. A sua fazenda ainda exige adições como um jardim de flores, ou nunca que alguma moça da aldeia vai se interessar por você. Os eventos no povoado, como os festivais de colheita, danças, corridas de cães e cavalos, e a construção de uma ponte, também exigem a sua atenção. E ainda, naturalmente, você pode pescar!
De fato, esse RPG é muito mais complexo do que parece. Além de educar o jogador – monstrando um pouco como é a vida no campo – o game exige que apuremos os nossos sensos de organização e responsabilidade, para fazer o uso adequado dos recursos que estiverem à nossa disposição.
Para algumas pessoas, esse jogo pode ser marcado como sendo bem repetitivo. É verdade que determinadas atividades diárias como regar a plantação, escovar os animais, alimentá-los e brincar com o seu cachorro acabam virando uma rotina. Essas tarefas se tornam obstáculos, porém, quando há outras coisas que você precisa fazer. Por exemplo, visitar aquela garota de quem você estava afim, ou explorar uma caverna secreta que outro dia você acabou descobrindo… ou ainda participar da maratona aquática na praia. Equilibrar as tarefas diárias com esses acontecimentos únicos é uma das essências do jogo. Frequentemente, você não vai entender quando nem como deveria fazer tal coisa até que seja tarde demais. O jeito então é se preparar para a próxima oportunidade no ano que vem.
Harvest Moon é um dos jogos mais viciantes para o Nintendo 64. Quem não via a hora do festival da colheita chegar, ou mesmo o momento em que a lã das ovelhas já tinha crescido o suficiente para que ela pudesse ser fabricada? Há toneladas de segredos para você descobrir. Durante os anos iniciais, você pode cortejar alguma das amáveis senhorias da aldeia e casar-se com ela, seguir um mapa de tesouro que o personagem fizera quando era mais novo, e construir desde uma casebre minúscula a uma suntuosa mansão. Será bem fácil conquistar a mulher mais bonita do povoado quando você a oferecer alguma receita especial na cozinha de sua mansão gigante.
A simplicidade no visual de Harvest Moon 64 é um ponto a ser discutido. Ao contrário do que você pensa (se você nunca jogou), os gráficos têm a mesma perspectiva do primeiro Harvest Moon, lançado no SNES. Para alguns, esse pode ser um ponto fraco, visto que o jogo poderia aproveitar melhor a capacidade do console. Não se pode negar que a perspectiva isométrica ofereça um quê nostálgico ao jogo, mas não teria sido melhor avançar para os novos padrões gráficos? Nisso talvez o jogo possa ter frustrado um pouco àqueles que esperavam pelo seu lançamento, mas nem por isso Harvest Moon 64 deixa de ser um grande game.
