Blast from Japan: Doshin the Giant (64DD)

em 06/08/2009

Que o 64 DD foi um periférico dos mais estranhos, isso ninguém duvida. E o que dizer do carro-chefe dele, um game completamente bizarro, amb... (por Gustavo Assumpção em 06/08/2009, via Nintendo Blast)

kyojinQue o 64 DD foi um periférico dos mais estranhos, isso ninguém duvida. E o que dizer do carro-chefe dele, um game completamente bizarro, ambientado de uma forma estranhíssima – mas surpreendentemente divertido? Tá na hora de conhecer o boa-praça Doshin!

Mas afinal que p**** é essa?

Doshin the Giant o coloca no controle de um gigante amarelo que precisa ajudar os habitantes de uma ilha a realizarem construções na localidade e aumentar o número de habitantes. Para isso, você deve usar suas habilidades sobrenaturais e seu tamanho para ajudá-los. Na ilha vivem quatro tribos diferentes, cada uma representada por uma cor: vermelho, azul, amarelo e verde.  Ajudando desde na nivelação de terrenos para que eles possam construir suas casas até mesmo nos locais onde devem ser construídos, sua tarefa não é das mais fáceis.

Com a ilha cheia de gente, os habitantes começam o objetivo principal do jogador: a construção de monumentos. Esses monumentos são estátuas que eles constroem para agradecer a ajuda de Deus (sim, você). O objetivo principal do jogo é construir todos os dezesseis monumentos possíveis, usando as energias verdes das árvores e das flores para que os habitantes consigam construir. Complexo e surreal não?

Posso ficar meses aqui e não vou conseguir explicar o que realmente o game é. Construir os momumentos é simples no começo, mas se torna bastante trabalhoso, principalmente no fim. Você terá que combinar habitantes das quatro tribos diferentes e usar as quantidades certas de energia para que os monumentos sejam construídos corretamente. Outro ponto relevante é que quanto melhor você cuidar dos habitantes, mais você cresce por outro lado se você não ajudá-los vai crescer também e se tornar uma espécie de diabo. Com o gigante muito grande, são raras as vezes que você não destrói casas ou até mesmo os monumentos que levaram dias para ser feitos.

O game é dividido em dias. Cada dia dura mais ou menos meia hora e o jogador dispõe de quantos dias forem necessários para realizar as tarefas possíveis. A cada dia terminado você recebe as estatísticas de quantos habitantes a ilha possui e de quantos hectares de terra estão aptos a ser habitados pelos nativos, ajudando você a controlar seu desempenho e melhorar sua estratégia.

O game também o “presenteia” com catástrofes naturais como furacões, incêndios e vulcões, que atrapalham a vida e destroem os feitos dos aldeões. Tudo claro para você ter que correr atrás.

Tá, entendi o que é... mas é bom?

Doshin the Giant é um game diferente de tudo o que você já viu. O mais próximo dele que consigo pensar é SimCity, mesmo que as possibilidades de construção sejam muito menores e mais simples. Doshin também é aquele tipo de game onde você depois que joga, não sabe dizer se é exatamente bom ou ruim. A lentidão proposital do gigante pode parecer legal no papel, mas é frustrante na real. A ilha não é lá muito grande e você tem muitas vezes que sair e dar uma olhada no que acontece por aí. Mas a duração dessa visualização é tão pequena, que não são raros os momentos onde você não tem nada pra fazer e precisa esperar somente o tempo passar. O que eu fiz? Deixei o game rolando e fui tomar uma água… Uma ilha maior resolveria esse problema, mas por outro lado daria mais trabalho ao já grandioso modo principal. O mapa do game também é estranho. Ele nunca te oferece a localização exata das coisas, e é difícil saber para onde você está indo.

A falta de variedade durante todo o percurso também é um problema sério. Depois da primeira hora de jogo você já sabe tudo o que enfrentará nas próximas quinze. Talvez uma jornada dividida entre duas localidades diferentes ou uma ilha mais diversificada tivesse tornando o game mais prazeroso.

O ponto mais legal do game é que realmente você se sente como um Deus quando ordena os habitantes a fazer alguma coisa. Outro ponto muito legal é que o jogo é muito engraçado: seu gigante desengonçado combina perfeitamente com os habitantes amalucados e os ambientes inóspitos. O desafio do game também é alto principalmente nos quatro últimos monumentos. Eles exigem uma perícia grande do jogador e dedicação de muitos dias. Se você conseguir manter-se jogando até lá, claro.

Aspectos técnicos e finalmentes

O visual de Doshin é ridiculamente simples. Os fundos poligonais, cenários, animações são todos típicos do Nintendo 64. Muitas vezes isso nem é algo ruim, já que o game tem um estilão meio retrô o tempo todo. Já o som é simplesmente maravilhoso. Muita gente critica games que tem ausência de trilha sonora. Mas em Doshin essa ausência não compromete ou deixa o game silencioso. Isso graças aos ótimos efeitos sonoros, as vozes hilárias e as músicas do tipo chiclete, isso quando existem claro.

Finalizando, Doshin é um game único. Seu visual simplista, som agradável e jogabilidade desafiadora fazem dele um jogão. Possui alg uns defeitos técnicos e poderia sim ser muito melhor, mas vale a pena ser jogado. É engraçado e divertido. Pena que muita gente não teve oportunidade de jogá-lo... Só lembrando que é possível encontrar um port dessa loucura para o GameCube, que foi lançado na Europa e Japão em 2002. Então, procure jogar e perceber que os games algumas vezes são mais doidos que nossa vã filosofia.


Estudante de Jornalismo, apreciador de rock britânico, pouco cuidadoso com as palavras, rico de espírito, triste com as relações nesse mundo e esperançoso com o futuro.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.