Que o 64 DD foi um periférico dos mais estranhos, isso ninguém duvida. E o que dizer do carro-chefe dele, um game completamente bizarro, ambientado de uma forma estranhíssima – mas surpreendentemente divertido? Tá na hora de conhecer o boa-praça Doshin!
Mas afinal que p**** é essa?
Doshin the Giant o coloca no controle de um gigante amarelo que precisa ajudar os habitantes de uma ilha a realizarem construções na localidade e aumentar o número de habitantes. Para isso, você deve usar suas habilidades sobrenaturais e seu tamanho para ajudá-los. Na ilha vivem quatro tribos diferentes, cada uma representada por uma cor: vermelho, azul, amarelo e verde. Ajudando desde na nivelação de terrenos para que eles possam construir suas casas até mesmo nos locais onde devem ser construídos, sua tarefa não é das mais fáceis.
Com a ilha cheia de gente, os habitantes começam o objetivo principal do jogador: a construção de monumentos. Esses monumentos são estátuas que eles constroem para agradecer a ajuda de Deus (sim, você). O objetivo principal do jogo é construir todos os dezesseis monumentos possíveis, usando as energias verdes das árvores e das flores para que os habitantes consigam construir. Complexo e surreal não?
Posso ficar meses aqui e não vou conseguir explicar o que realmente o game é. Construir os momumentos é simples no começo, mas se torna bastante trabalhoso, principalmente no fim. Você terá que combinar habitantes das quatro tribos diferentes e usar as quantidades certas de energia para que os monumentos sejam construídos corretamente. Outro ponto relevante é que quanto melhor você cuidar dos habitantes, mais você cresce por outro lado se você não ajudá-los vai crescer também e se tornar uma espécie de diabo. Com o gigante muito grande, são raras as vezes que você não destrói casas ou até mesmo os monumentos que levaram dias para ser feitos.
O game é dividido em dias. Cada dia dura mais ou menos meia hora e o jogador dispõe de quantos dias forem necessários para realizar as tarefas possíveis. A cada dia terminado você recebe as estatísticas de quantos habitantes a ilha possui e de quantos hectares de terra estão aptos a ser habitados pelos nativos, ajudando você a controlar seu desempenho e melhorar sua estratégia.
O game também o “presenteia” com catástrofes naturais como furacões, incêndios e vulcões, que atrapalham a vida e destroem os feitos dos aldeões. Tudo claro para você ter que correr atrás.
Tá, entendi o que é... mas é bom?
Doshin the Giant é um game diferente de tudo o que você já viu. O mais próximo dele que consigo pensar é SimCity, mesmo que as possibilidades de construção sejam muito menores e mais simples. Doshin também é aquele tipo de game onde você depois que joga, não sabe dizer se é exatamente bom ou ruim. A lentidão proposital do gigante pode parecer legal no papel, mas é frustrante na real. A ilha não é lá muito grande e você tem muitas vezes que sair e dar uma olhada no que acontece por aí. Mas a duração dessa visualização é tão pequena, que não são raros os momentos onde você não tem nada pra fazer e precisa esperar somente o tempo passar. O que eu fiz? Deixei o game rolando e fui tomar uma água… Uma ilha maior resolveria esse problema, mas por outro lado daria mais trabalho ao já grandioso modo principal. O mapa do game também é estranho. Ele nunca te oferece a localização exata das coisas, e é difícil saber para onde você está indo.
A falta de variedade durante todo o percurso também é um problema sério. Depois da primeira hora de jogo você já sabe tudo o que enfrentará nas próximas quinze. Talvez uma jornada dividida entre duas localidades diferentes ou uma ilha mais diversificada tivesse tornando o game mais prazeroso.
O ponto mais legal do game é que realmente você se sente como um Deus quando ordena os habitantes a fazer alguma coisa. Outro ponto muito legal é que o jogo é muito engraçado: seu gigante desengonçado combina perfeitamente com os habitantes amalucados e os ambientes inóspitos. O desafio do game também é alto principalmente nos quatro últimos monumentos. Eles exigem uma perícia grande do jogador e dedicação de muitos dias. Se você conseguir manter-se jogando até lá, claro.
Aspectos técnicos e finalmentes
O visual de Doshin é ridiculamente simples. Os fundos poligonais, cenários, animações são todos típicos do Nintendo 64. Muitas vezes isso nem é algo ruim, já que o game tem um estilão meio retrô o tempo todo. Já o som é simplesmente maravilhoso. Muita gente critica games que tem ausência de trilha sonora. Mas em Doshin essa ausência não compromete ou deixa o game silencioso. Isso graças aos ótimos efeitos sonoros, as vozes hilárias e as músicas do tipo chiclete, isso quando existem claro.
Finalizando, Doshin é um game único. Seu visual simplista, som agradável e jogabilidade desafiadora fazem dele um jogão. Possui alg uns defeitos técnicos e poderia sim ser muito melhor, mas vale a pena ser jogado. É engraçado e divertido. Pena que muita gente não teve oportunidade de jogá-lo... Só lembrando que é possível encontrar um port dessa loucura para o GameCube, que foi lançado na Europa e Japão em 2002. Então, procure jogar e perceber que os games algumas vezes são mais doidos que nossa vã filosofia.