O NES, conhecido carinhosamente como “Nintendinho”, foi o lar de grandes séries. Foi no console da Nintendo que sagas como Super Mario Bros, Mega Man, Battletoads, Metroid, entre tantos outros, ganharam vida e reconhecimento, conquistando milhares de fãs ao redor do mundo. Além dessas séries tão memoráveis, a mais aclamada pela crítica, clássica e adorada pelos fãs também respirou seus primeiros ares no NES. Claro que estamos falando da eterna luta do bem contra o mal e de um reino cheio de magia: The Legend of Zelda!
O início da Lenda
O game, lançado em 1986 no Japão e um ano depois nos EUA, apresentava uma premissa simples, porém envolvente. Um exército das sombras, liderados pelo mago Ganon, invadiu Hyrule e roubou a Triforce do Poder. Temendo pelo seu povo e reino, a princesa de Hyrule, Zelda, fragmentou a Triforce da Sabedoria em oito pedaços, e os espalhou por todo o reino para impedir que o mago a possuísse. Zelda então ordenou à sua confiável ama-seca, Impa, que fugisse do castelo e procurasse um guerreiro corajoso para enfrentar Ganon. Ganon, furioso pela notícia da fuga de Impa, aprisionou a princesa e ordenou uma horda de lacaios caçar a velha criada. Correndo desesperadamente por florestas e montanhas, Impa fugiu temendo pela sua vida. No momento em que ela começou a enfraquecer, ela viu-se cercada pelos lacaios de Ganon. Ela tinha certeza que tudo estava perdido, mas um jovem garoto apareceu e venceu os malvados lacaios, salvando-a de um destino pior que a morte. O garoto explicou que seu nome era Link e que ele acabou encontrando Impa e os seus agressores enquanto viajava pela área. Agradecida pela ajuda, Impa contou ao jovem Link a infeliz história da Princesa Zelda e a terrível investida ao reino feito por Ganon. Após ouvir essa história trágica, Link prometeu salvar Zelda, mas ele sabia que enquanto Ganon tivesse a Triforce do Poder, ele seria alguém a ser temido e que não seria facilmente derrotado. Para poder vencê-lo, Link deveria encontrar os fragmentos espalhados da Triforce e uní-los novamente na Triforce da Sabedoria.
Com esse enredo simples, o jogador devia passar por diversas localidades, como florestas, lagos, montanhas, cavernas, além das famosas dungeons, lar dos grandes monstros que guardavam os fragmentos da Triforce, derrotando hordas de inimigos, até ficar frente à frente com Ganon
Inovação
The Legend of Zelda (TLoZ) marcou época no mundo dos games, e por vários motivos. O primeiro deles é visto logo que se liga o console e o jogo tem início: pela primeira vez, o jogador tinha a opção de salvar o seu jogo, para poder continuar, do mesmo ponto, num outro momento. Hoje isso pode parecer bobagem, e imaginar um game sem Save uma utopia, porém, naquela época, isso não existia. Se o jogador quisesse continuar a jogatina em diversos outros games, deveria anotar seqüências e mais seqüências de números e letras, as famosas Passwords. Nesse quesito, TLoZ já agradou milhares de gamers. Um outro ponto inovador era percebido assim que o jogo começava em si, e o jogador assumia o controle do jovem elfo Link. A perspectiva que o jogador tinha da aventura era diferente de tudo já visto até então. A visão não era nem totalmente vista de cima, nem horizontalmente. Era quase como uma mistura dos dois, gerando uma nova.
Além de tudo isso, o jogo ainda inovava no seu gameplay. E talvez, desde o primeiro game da série, paire no ar a eterna dúvida: Zelda é mesmo um RPG? Ou é um Action? Ou então, um RPG-Action? Independente da resposta, tudo o que se conhece como Zelda, claro, teve início com o primeiro game da série. Diferente dos RPG’s da época, TLoZ não possuía batalhas em turno, ou pontos de experiência, nada disso. Link, munido primeiramente de uma espada e um escudo, podia derrotar seus inimigos em tempo real, enquanto caminhava pelos campos de Hyrule. Isso adicionou mais agilidade às batalhas, o que agradou em cheio os jogadores
Itens, itens e mais itens
O que seria de um game da série Zelda sem os memoráveis e adorados itens que o jogador tem a disposição? Pois é, TLoZ não foge à regra. Muitos dos itens mais conhecidos dos fãs da série, estrearam nesse game, como por exemplo, o Bumerangue, o Mapa e a Bússola, a Bomba e o Arco e Flecha. Além disso, o game possui itens que, infelizmente, não apareceram em nenhum outro game da série, como por exemplo, a Jangada. Com ela, Link pode navegar pela água sempre que encontrar um “porto” para isso. Assim, novas áreas são habilitadas. Além dos itens que ajudam Link em sua aventura, o jovem elfo também tem à sua disposição os Heart Pieces. Se você já é conhecedor dos demais games da série, sabe o quão importantes eles são. Os pedaços de coração, além de recuperar a energia perdida pelo jogador, aumenta sua força vital, adicionando “pontos de saúde” para Link. Todo chefe de dungeon, ao ser derrotado, além de um fragmento da Triforce, deixa para traz, também, um Heart Piece.
Visual e som
Visualmente falando, TLoZ apenas cumpre seu papel de transportar o jogador à um mudo totalmente novo e mágico. Não é de se estranhar, afinal, estamos falando de um game 8bits. Porém, convenhamos: gráficos nunca foram o ponto alto dos games Nintendo e mesmo assim não deixam a desejar. Com TLoZ é assim. Embora seus gráficos sejam simples, o gameplay compensa isso, com um mundo imenso para ser descoberto e percorrido.
O som segue no mesmo estilo. Por se tratar de um game 8bits, ele cumpre seu papel. O mais importante, porém, ele consegue: não irritar o jogador, prática bastante comum nos games daquela época. Qualquer ponto negativo que esse quesito venha a ter, logo é esquecido pela fantástica música tema do game, a lém do inesquecível tema do Hyrule Field, presente em todos os games da série. Não estranhe se você ficar apenas vagando pelo jogo, só pra continuar ouvindo essa musica.
Veredicto
Toda série tem um começo, e toda lenda tem um início. O primeiro episódio da saga Zelda não poderia ser melhor. Como todos sabem, não existe uma cronologia oficial para os games da série. O que boatos apontam é que The Legend of Zelda seria o último game na história, enquanto o primeiro seria Ocarina of Time. Boatos à parte, isso realmente não importa. O importante é que, se você nunca colocou as mãos nesse clássico, deve fazer isso já. Talvez você fique um pouco irritado com o fato de que o game simplesmente jogue você dentro de Hyrule, e não lhe dê instruções de como e para onde progredir. Mas esse é um dos fatores mais interessantes do game. O jogador é obrigado a criar um “mapa de bordo”, anotando tudo o que já fez e onde visitou. Se você é um desses que reclamam da falta de games hardcore da Nintendo, porque não dá uma chance à The Legend of Zelda?