Quando a Capcom lançou o primeiro Resident Evil, a surpresa foi imensa. Afinal, até aquele momento nenhum game havia sido responsável por uma evolução tão grande no sistema básico dos games de ação. RE havia criado uma história típica de games de terror B, uma jogabilidade propositalmente presa e uma liberdade de exploração poucas vezes vista até então. Com o sucesso da primeira edição, era bastante claro que o game ganharia uma continuação. Continuação essa que chegou as lojas dois anos depois, em 1998 para o Playstation e no fim de 1999 para o Nintendo 64.
Dois lados de uma mesma situação
Uma das grandes sacadas do game era que a história agora se desenrolava em duas frentes paralelas, narrando as histórias de Claire Redfield e Leon Scott Kennedy, ambos recém chegados a Racoon City, cidade fictícia onde o enredo se desenrola.
Leon é um policial e Claire uma motoqueira. Logo quando chega na cidade, Leon acha muito estranho que a cidade pareça vazia e sem vida. É então que ele avista um corpo caído no chão e decide investigar o que aconteceu. Ao olhar de perto o cadáver, Leon escuta estranhos grunhidos. Imagine a surpresa do nosso recém chegado policial ao ver que os grunhidos vinham de pessoas! Mas não pessoas normais… pessoas em decomposição!
Nesse mesmo tempo, em outra parte de Racoon City, Claire chega em uma lanchonete. Aquele velho papinho de tomar uma pra descansar da viagem! Só que ela também se surpreende ao ver que não havia ninguém no local. Ela então se aproxima do balcão e leva ao tremendo susto ao ver uma pessoa devorando um cadáver! Surpresa que aumenta após ela perceber que de todos os lados mais e mais mortos-vivos vinham em sua direção. Sem outra alternativa, Claire decide fugir pela pela porta dos fundos.
A partir desse ponto a história se desenrola de uma forma bem mais interessante que o primeiro game da série. A interação entre os personagens é maior, com destaque para a presença de acontecimentos mais marcantes e inteligentes e uma variedade maior de inimigos para se derrrotar.
Mas talvez a característica que mais tenha marcado o game seja o ambiente mais livre para a exploração do jogador, que já não tem mais que se contentar com apenas a mansão do original. A cidade de Racoon não só cansa menos, como também adiciona sempre uma surpresa. O único contra é que principalmente no início, a ação foi focada demais no departamento de polícia, que acaba funcionando exatamente igual a mansão em RE.
Versão Nintendo 64 é um verdadeiro milagre
Quando a Capcom anunciou que tinha a idéia de lançar uma versão para o Nintendo 64 de Resident Evil 2, houve quem pensasse que se tratava de uma piada. E de muito mal gosto. Até aquele momento era impensável que um game como RE pudesse ser transportado para um cartucho. Primeiro porque não haveria espaço suficiente. E se segundo porque para ser possível o lançamento em cartucho, cortes imensos na estrutura teriam que ser feitos.
Eis que contrariando todas as previsões, a Capcom usou uma técnica de compressão de vídeos e um cartucho com capacidade inédita – 512MBits. A surpresa ainda foi maior, porque a versão para Nintendo 64 conseguia ser ainda mais completa que a original, inclusive visualmente, onde os personagens eram mais trabalhados,as texturas em alta resolução e mais fluentes.
Mas talvez o grande ganho do game tenha ocorrido na não existência dos temíveis load times do Playstation. O game ganhou dinamismo e se tornou muito mais veloz e divertido. Os controles do Nintendo 64 também se encaixaram muito bem. Os mesmos minigames da versão PSX – Tofu e Hunk – também estão na íntegra presentes aqui.
Outras duas boas adições dessa versão foram os Files, arquivos de texto que contam um pouco da história da série, incluindo detalhes sobre a origem dos vírus e da Umbrella e o sistema denominado randomizer, que distribui aleatoriamente os itens pelos locais. Ou seja, aquele item que estava ali naquela vez que você jogou, não estará mais dessa vez.
Resident Evil 2 é para muitos o game preferido da série. Talvez seja o que mais tenha se aproximado da idéia de um Survival Horror. É um jogão, muito divertido, complexo e diversificado. E é RE, então não preciso falar mais nada…