Análise: Dead Rising Chop Till You Drop (Wii)

Há muito tempo o lançamento de um game não era envolto em tanta polêmica. Desde o anúncio em uma edição da Famitsu há alguns meses, passando pela divulgação esporádica de trailers novos, o game sempre recebeu críticas exageradas e aparentemente infundadas – coisa que muito game ruim em estágio inicial de desenvolvimento não recebe. Mas agora finalmente a espera chegou ao fim, Chop Till You Drop está disponível e teremos finalmente a resposta para pergunta: afinal, ele é tão ruim assim?

Downgrade pesado

O principal ponto que precisa ficar claro é que a Capcom realmente não foi competente o suficiente para fornecer aos donos de CTYD os mesmos recursos que estiveram presentes no game do X-360. A verdade é que muito mais do que o esperado – e aceitável - downgrade visual, o game do Wii não necessariamente precisaria ter sido podado de tantos recursos como aconteceu.

A principal e mais sentida perda foi que o herói Frank West agora não pode mais usar sua câmera. Sentiu a tensão? Se na história ele é um fotojornalista, como pode ele não utilizar o seu principal instrumento de trabalho? Sem dúvidas essa é a primeira mancada da Capcom e não há nenhum motivo evidente do porque de ele ter sido retirado.

Outra perda fundamental está na quantidade de Zumbis na tela. Se essa era um dos trunfos da versão para o 360, aqui ela realiza exatamente o sentido oposto. Não que eu faça questão de muitos inimigos na tela. O maior problema é a inteligência artificial e a movimentação desses poucos inimigos. A verdade é que o game ficou bem menos desafiador já que a leva de inimigos é lenta, burra e ataca sempre da mesma forma.

O visual nem está tão ruim como o esperado, mas todos os cenários, inimigos e localidades parecem pobres e sem vida. A Capcom diz ter usado o mesmo motor de Resident Evil 4 – mas se usou, é inaceitável que um game com lançamento três anos após apresente um visual tão menos técnico e cheio de imperfeições que o próprio RE4. Não são raras as quebras de polígono (!), texturas chapadas e um certo “embaçamento” dos cenários, principalmente quando são vistos de uma certa distância. Claramente o Wii pode mais.

História torpe + jogabilidade limitada = Diversão!?

Quem jogou o original do X-360 sabe que uma boa e variada jogabilidade não é uma característica muito pertinente a Dead Rising. O game se preocupa mais em oferecer uma experiência divertida do que realmente imersiva.

Tanto é que não há muita estratégia para se derrotar os inimigos. O que há são muitas opções diferentes para se fazer isso: dezenas de itens como tocos de baseball e golfe, moto serras, carrinhos de compra, escadas… Com o tempo, tudo isso se torna extremamente cansativo e você vai querer mesmo é poder fazer algo de diferente do usual. Falta variedade ao game no Wii (assim como faltava no original).

Um ponto onde o game realmente é bem interessante é na capacidade de exploração. Chop Till You Drop fornece um ambiente bem grande, recheado de localidades e inimigos diferentes. Infelizmente se os combates seguissem essa variedade, esse seria realmente um dos grandes games do Wii. Mas há um destoamento de qualidade muito grande entre exploração e combate.

A história não foge muito do que já foi apresentada no 360 com o nosso herói Frank West preso em um shopping lotado de zumbis. Resgatar reféns, derrotar chefes e ouvir alguns dos piores diálogos já escritos para um game também fazem parte do pacote. A verdade é que a todo momento CTYD procura ser engraçado, mas parece na verdade é constrangedor.

Do ponto de vista dos controles, pode-se dizer que a Capcom fez um bom trabalho. Eles continuam eficientes, precisos e não comprometem de forma alguma a experiência final de jogo. O esquema ganhou pequenas alterações com relação ao original e a câmera ganhou um quê de Resident Evil 4 com visão acima do ombro que torna a área de visibilidade mais ampla e melhora os controles de uma forma significativa.

Embora tudo pareça mais limitado, Dead Rising consegue divertir. É impressionante como o game tem um quê de filme de comédia com angulações de câmera que privilegiam ações estranhas e um trilha sonora até aceitável mas recheada de clichês. Mas o grande problema é que nada parece engraçado. Sabe “A Praça é Nossa”? Pois é…

Mesmo com as limitações, as perdas sonora e visual, a péssima AI dos inimigos, o fim das fotografias e o enredo bobo, Dead Rising Chop Till You Drop diverte. Apesar da sua duração bem curta (aproximadamente 10 horas), o game consegue oferecer uma experiência bem divertida. Para os fanáticos ainda existem várias roupas e itens estraváveis – que melhoram a vida útil e dão um up depois que você terminar o game pela primeira vez.

Você deve estar se perguntando se eu recomendo Dead Rising. Digamos que ele não é ruim. Mas sabe aquele tipo de game não tão bom mas que você curte muito por alguns momentos? Então, esse é o caso aqui.

Chop Till You Drop poderia ser muito melhor, mas vale a pena perder umas horinhas com ele.